Você já ouviu alguém dizer que quem usa marcapasso “vira refém de aparelhos” ou “não pode mais levar uma vida normal”? Essas ideias circulam por aí e acabam trazendo medo desnecessário. O marcapasso é um aliado silencioso do coração, um dispositivo pequeno que ajuda a manter o ritmo certo quando o “relógio interno” falha. A seguir, separei os
principais mitos e verdades para você entender de forma simples e sem sustos.
Mito 1: “Quem coloca marcapasso não pode mais fazer exercícios.”
Verdade: Na maioria dos casos, depois do período de recuperação indicado pelo médico, a pessoa volta a se exercitar normalmente, com orientação e bom senso. Caminhadas, bicicleta leve, hidroginástica e musculação moderada costumam ser liberadas. O objetivo é justamente dar qualidade de vida. O que evitamos são impactos diretos na região do dispositivo e esportes de contato, especialmente no início.
Mito 2: “O marcapasso dá choque.”
Verdade: O marcapasso não dá “choques” como imaginamos. Ele envia impulsos elétricos muito discretos, que você nem sente, para acertar o ritmo quando o coração fica lento demais ou falha. Pense nele como um maestro que marca suavemente o compasso para a orquestra não se perder.
Mito 3: “A cirurgia é muito grande e perigosa.”
Verdade: Em grande parte dos casos, o implante é um procedimento seguro e planejado, realizado com anestesia local e sedação, por uma equipe treinada. A incisão é pequena, geralmente perto do ombro, e a alta costuma acontecer em pouco tempo, seguindo cuidados simples de curativo e repouso do braço do lado do implante por alguns dias.
Mito 4: “Quem usa marcapasso não pode passar em detectores de metal ou usar celular.”
Verdade: Detectores de metal e portas de segurança podem ser atravessados normalmente, sem encostar o peito no equipamento e sem ficar parado sob o campo por muito tempo. Quanto ao celular, ele pode ser usado no dia a dia; recomenda-se mantê-lo a alguns centímetros do local do marcapasso e, se possível, no bolso do lado oposto. Hoje, os aparelhos são bem protegidos contra interferências comuns.
Mito 5: “Marcapasso e micro-ondas não combinam.”
Verdade: Eletrodomésticos como micro-ondas, geladeira, TV e rádio não atrapalham o marcapasso. O que pedimos é atenção com ferramentas industriais muito potentes, ímãs fortes e alguns equipamentos específicos. Se você trabalha com algo assim, vale conversar com o cardiologista para orientações personalizadas.
Mito 6: “Depois do implante, nunca mais posso fazer exames.”
Verdade: Raios X, tomografia, ultrassom, exames de sangue e dentista são liberados. A ressonância magnética depende do modelo do marcapasso—muitos já são compatíveis—e precisa de avaliação prévia. Avise sempre que usa marcapasso ao agendar qualquer exame ou procedimento.
Mito 7: “O marcapasso só serve para pessoas muito idosas.”
Verdade: O marcapasso é indicado para quem precisa corrigir ritmos lentos ou pausas, independentemente da idade. Existem jovens, adultos e idosos com indicações específicas. O critério não é a data de nascimento, e sim a necessidade do coração.
Mito 8: “A bateria acaba de repente.”
Verdade: A bateria do marcapasso tem longa duração e é monitorada nas consultas. O dispositivo “avisa” com muita antecedência quando está chegando a hora de trocar. A troca é programada com calma e, em geral, substitui-se apenas a “caixinha” do aparelho, mantendo os cabos se estiverem em bom estado.
Mito 9: “Se eu colocar marcapasso, vou me sentir dependente e frágil.”
Verdade: O objetivo é exatamente o contrário: dar segurança, diminuir sintomas como tonturas e desmaios e permitir uma rotina mais ativa. Muitos pacientes relatam que “ganharam fôlego” e voltaram a fazer atividades que tinham abandonado por medo ou cansaço.
Mito 10: “Marcapasso cura todos os problemas do coração.”
Verdade: O marcapasso é uma ferramenta específica para corrigir ritmos lentos e algumas arritmias. Ele não trata pressão alta, colesterol, diabetes ou obstruções nas artérias. Por isso, o acompanhamento clínico, a alimentação equilibrada, o controle do estresse e a prática regular de exercícios continuam fundamentais. Pense nele como um parceiro do tratamento, não como a solução única.
Como é a vida após o marcapasso?
Nos primeiros dias, o foco é cicatrizar bem: evitar esforços com o braço do lado do implante, cuidar do curativo e observar sinais como vermelhidão ou dor fora do esperado. Depois desse período, a vida retoma o ritmo normal. Consultas de revisão servem para checar a programação do aparelho, avaliar a bateria e ajustar detalhes finos, como quem regula um relógio para que marque sempre a hora certa.
Sinais de alerta para procurar avaliação
Se você sente desmaios, tonturas frequentes, cansaço fora do comum, palpitações ou percebe que o coração “desacelera” demais, vale investigar. O corpo costuma dar “pistas” quando o ritmo não está legal. Ignorar esses chamados pode adiar um cuidado que faz toda a diferença.
Dicas simples para conviver bem com o marcapasso
Leve sempre a carteirinha do dispositivo, informe profissionais de saúde antes de exames ou procedimentos, mantenha as consultas em dia e siga as orientações de atividade física e medicações. E lembre: a maioria das pessoas volta a dirigir, trabalhar, viajar e aproveitar a família sem limitações importantes.
No fim das contas, o marcapasso é como um guardião discreto do seu compasso cardíaco. Ele não rouba sua liberdade—devolve. Se você tem dúvidas, se reconhece sintomas ou se está avaliando o implante, converse com um especialista de confiança. Cuidar do coração é cuidar da vida. Agende sua consulta com o Dr. André Capaverde.